Depois de um ano inteiro dedicado à investigação e ao debate sobre “As Relações entre Portugal e os Estados Unidos da América entre o século XVIII e o século XX”, o Museu Bernardino Machado de Vila Nova de Famalicão, prepara-se agora para abordar a fundo e de uma forma transdisciplinar, ao longo de 2019, a questão das “Relações Portugal – Brasil na I República (1910-1926).
Para além da divulgação e valorização da figura de Bernardino Machado, um famalicense por adoção que foi Presidente de Portugal por duas vezes durante a I República, o Museu Bernardino Machado tem vindo a destacar-se na organização de diversos eventos e na produção de documentos que têm sido essenciais para investigadores e historiadores, assumindo uma vocação de estudo académico.
Neste âmbito, estão já agendadas nove conferências com a participação de investigadores e académicos especialistas na temática. Os encontros, de entrada livre, vão decorrer nos meses de janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho, setembro, outubro e novembro, habitualmente às sextas-feiras, pelas 21h30, no Museu Bernardino Machado, situado na rua Adriano Pinto Basto, na cidade famalicense.
A primeira conferência acontece já no próximo dia 25, com a participação do professor catedrático Paulo Ferreira da Cunha, que irá abordar o tema da “Lei fundamental brasileira e a Constituição Portuguesa de 1911”. Para além das conferências, a temática das relações Portugal – Brasil vai também alicerçar a próxima edição do colóquio dos Encontros de Outono, em finais de 2019.
Para o coordenador científico do Museu Bernardino Machado, Norberto Cunha, o tema escolhido é de grande pertinência. “Há muito que sabemos que a “identidade” do nosso país se fez de fora para dentro, ou seja, foram os Descobrimentos que acabaram por configurar e dar unidade ôntica (língua, usos, costumes, história, etc.) a esta região da “Hispânia”. E neste processo, o Brasil foi fundamental, não apenas por via dos milhares de emigrantes que o “aportuguesaram”, mas pelas riquezas imensas que fluíram para Portugal e aqui vicejaram (pelas remessas dos emigrantes e dos “brasileiros” de torna viagem, por exemplo), que alteraram a paisagem urbana e rural do país e contribuíram, decisivamente, para a sua modernização.”
Por outro lado, o responsável destaca que “o arco temporal das Conferências e do Colóquio inclui, em grande parte, o acume do percurso político de Bernardino Machado que, além de ter nascido no Brasil, foi ministro de Portugal neste país, de 1912 até ao fim de 1913, fez nele um excelente trabalho diplomático e económico junto da comunidade portuguesa e, ao longo da sua vida política sempre lhe mereceram especial atenção as relações e problemas entre as duas “Pátrias irmãs” (é sempre deste ponto de vista que aborda as relações entre ambas).”
Para Paulo Cunha, presidente da Câmara Municipal, “o Museu Bernardino Machado já nos habituou à excelência dos temas selecionados para as suas atividades”, sendo que as relações entre Portugal e o Brasil “constituem um tema muito interessante e de grande atualidade”, salientou.
Em fevereiro, a conferência será sobre “A I República Portuguesa no Brasil: do 5 de outubro ao 28 de maio de 1926”. A oradora convidada será Heloísa Paulo. Em março debate-se o “Luso-brasileirismo – algumas referências de um movimento cultural”, com Jorge Alves. “Encontros e Desencontros luso-brasileiros no primeiro quartel do século XX” é o tema da conferência de abril, com Arnaldo Saraiva e em maio debate-se “O projeto cultural luso-brasileiro da revista Atlântida”, com Luís Crespo de Andrade. “Carlos Malheiro Dias e a ideia de um mar atlântico”, com Teresa Nunes é o tema da conferência agendada para junho. Os debates regressam depois em setembro com “A viagem aérea ao Brasil de Gago Coutinho e Sacadura Cabral”, com o Coronel Luís Alves de Fraga. “Veiga Simões e os interesses de Portugal na Amazónia” será o tema do debate programado para outubro e, finalmente, em novembro debate-se “A viagem Presidencial de António José de Almeida ao Brasil (1922)”, com Luís Reis Torgal.
O Museu Bernardino Machado que completou em 2017, 15 anos está instalado no Palacete Barão da Trovisqueira, um majestoso edifício do século XIX, localizado bem no centro da cidade de Vila Nova de Famalicão.