O Museu Bernardino Machado, instalado no Palacete Barão da Trovisqueira, um majestoso edifício do século XIX, localizado bem no centro da cidade de Vila Nova de Famalicão, abre as portas na noite de 7 de março, a partir das 23h00, para uma festa em honra dos “Loucos Anos 20”, com muita música, dança e extravagância. O tema até pode parecer despropositado ou inadequado para a nobreza do espaço, mas certamente que o patrono do Museu, Bernardino Machado, aprovaria o evento. “Os Loucos Anos 20” são uma iniciativa promovida pela Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão em colaboração com o bar Chez Café Café, e tem como objetivo assinalar o Dia Internacional da Mulher que se comemora a 8 de março.
Bernardino Machado que foi Presidente da República, por duas vezes, foi um defensor dos direitos da mulheres, tendo desempenhado um importante papel de apoio à emancipação feminina. Era amigo de Ana de Castro Osório, uma feminista ativa e apadrinhou em 1908 a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas. É a partir desta data, com o beneplácito de Bernardino Machado, que as mulheres começam a participar nos comícios.
Aliás, a mulher de Bernardino Machado, Elzira Dantas Machado participou em vários movimentos pela emancipação da mulher. Foi uma das fundadoras da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, e presidente da Associação de Propaganda Feminista. Com o eclodir da 1.ª Guerra e a participação de Portugal no conflito, ajudou a criar a Cruzada das Mulheres Portuguesas, cuja principal missão era apoiar os soldados e as suas famílias.
Os Anos 20 foram uma década de prosperidade e animação. A expressão "loucos anos 20" refere-se a uma época onde dominava a loucura, com as mudanças de mentalidade. Depois do pesadelo da Primeira Grande Guerra, as pessoas queriam aproveitar a vida e divertir-se. Verificou-se um aumento do entusiasmo pela vida noturna e os cabarés animavam-se com o aparecimento dos novos ritmos entre os quais o jazz, procurava-se o prazer e o divertimento, e surgem danças trepidantes como o charleston, foxtrot e o tango. Cresce o culto da velocidade; a paixão pelos aviões e automóveis. As modas extravagantes seduzem a juventude. As raparigas independentes, libertas de preconceitos passaram a usar saias curtas e cabelos à "garçonne", fumam, praticam desporto e frequentam clubes. Tudo isto será retratado e revivido numa noite que promete muita festa, glamour e muitas vivências.
O Museu Bernardino Machado, criado e gerido pela Câmara Municipal de Famalicão, e integrado na rede portuguesa de museus, destaca-se, no plano nacional, como possuidor do melhor arquivo documental sobre a 1ª República.