A Câmara Municipal de vila Nova de Famalicão é, desde esta quarta-feira, proprietária de mais de 95 por cento do terreno do Castro de S. Miguel-O-Anjo, na freguesia de Calendário. O espaço que está classificado como imóvel de interesse público desde 1990, acolhe as ruínas de um povoado fortificado cujos achados arqueológicos apontam para uma datação que se situa entre o séc. I a.C. e o séc. I d.C..
Aos mil metros quadrados que o município já detinha, somou-se agora 115 mil metros quadrados do terreno, adquiridos através de uma permuta com os proprietários. O Castro detém uma área total de 120 mil metros quadrados.
Para o presidente da Câmara Municipal, Paulo Cunha, “a aquisição do terreno por parte do município representa um passo de gigante na salvaguarda e preservação deste património milenar, dando-nos a possibilidade de aprofundar o estudo e investigação sobre um passado que apesar de longínquo, nos pertence e deixou marcas”. Além disso, “dá-nos a possibilidade de apresentar candidaturas a fundos comunitários”.
Quem também fez questão de marcar presença na assinatura da aquisição do terreno foi o arqueólogo e professor da Universidade do Porto, Armando Coelho, que é também um dos responsáveis da Rede de Castros do Noroeste Peninsular.
Para Armando Coelho, a aquisição desta grande parcela de terreno por parte do município “é uma excelente notícia porque vai permitir um conjunto de ações como a realização de um levantamento topográfico e geofísico do terreno e área envolvente, que irão contribuir para uma investigação castreja mais completa e mais exigente”.
“É uma porta muito ambiciosa que se abre para o território de Vila Nova de Famalicão e para toda a região, que virá a facilitar uma candidatura deste espaço à Rede de Castros do Noroeste Peninsular”.
De resto, Paulo Cunha adiantou que a autarquia irá, em breve, preparar um Plano de Ação tendo em vista um conjunto de objetivos. “Para além da proteção deste património queremos também fazer uma gestão deste espaço numa vertente cultural, patrimonial e pedagógica associada a um espaço verde de qualidade onde será possível conjugar atividades de cariz desportivo e de lazer muito diversas, complementando assim a oferta já existente de espaços públicos de qualidade existentes no concelho”, explicou Paulo Cunha.
Refira-se que para além do Castro de S. Miguel-o-Anjo já classificado desde 1990, o município aguarda a classificação do Conjunto Arqueológico das Eiras, nas freguesias de Pousada de Saramagos, Joane, Vermoim e Vale (São Martinho) e na União das Freguesias de Vale (São Cosme), Telhado e Portela.